A ANVISA aprovou aparelho já usado para tratar crises epiléticas. A tecnologia consiste no estímulo direto do cérebro.
O implante ativa o nervo vago, que envia sinais elétricos ao órgão, afetando os neurotransmissores e as áreas cerebrais associadas ao humor. Segundo Wuilker Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, observou-se que nos pacientes com crises de epilepsia e que também sofriam com depressão, ambos os quadros melhoravam com o uso dos implantes. Começou-se a estudar quais seriam os mecanismos do sistema nervoso que poderiam explicar os quadros de melhora.
Autorização de uso
Os resultados das pesquisas levaram à autorização do uso do dispositivo em pacientes com depressão resistente nos EUA, na Inglaterra, e, em 2019, no Brasil — o terceiro país a oferecer a alternativa de tratamento. Segundo a ANVISA o sistema usado no Brasil, da marca LivaNova, tem indicação para o tratamento da depressão crônica ou recorrente para pacientes que estejam em um importante episódio depressivo e resistentes ou intolerantes aos tratamentos usuais dos protocolos.
Esses tratamentos incluem o uso de cetamina (um anestésico aprovado pela ANVISA para esse fim em 2020). A estimulação magnética transcraniana, uma técnica não invasiva que envolve a aplicação de campos magnéticos de baixa intensidade para estimular áreas específicas do cérebro e a eletroconvulsoterapia, que envolve a indução controlada de convulsões por meio da aplicação de correntes elétricas no cérebro.
Como funciona?
A forma como o aparelho estimulador é implantado se assemelha muito à do popular marca passo cardíaco. E o sistema tem a função de estimular o nervo vago, estrutura que se estende do crânio aos órgãos abdominais, desempenha um papel vital na regulação de diversas funções orgânicas, incluindo coração, pulmões e intestino. Estudos sugerem que a estimulação do nervo vago pode também modular redes neurais desequilibradas na depressão, contribuindo para a melhoria dos sintomas.
Disponibilidade
No Brasil, o tratamento é ainda considerado bastante recente e não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para que um paciente seja elegível para o implante, é necessário que receba uma recomendação por parte de um psiquiatra e seja encaminhado a um neurocirurgião familiarizado com a tecnologia.
fonte: G1