(Jornal O Globo online 30/11/2017. autor: não mencionado)
Desenvolvimento de anticorpos diminuiria também o grau da dor.
Uma a cada sete pessoas no mundo sofrem com enxaqueca. Pois uma nova terapia para prevenir crises pode diminuir o tanto número quanto o grau delas, mostraram dois ensaios clínicos. De acordo com os testes realizados nos estudos, cerca de 50% das pessoas analisadas tiveram uma redução pela metade do número de episódios da dor por mês. Pesquisadores da King”s College Hospital, responsáveis pelo estudo, classificaram o resultado como um “enorme acordo”.
O tratamento é o primeiro a ser desenvolvido especificamente para prevenir as dores com o uso de anticorpos para alterar a atividade química no cérebro. Apesar dos bons resultados, mais estudos ainda serão necessários para avaliar os efeitos colaterais a longo prazo.
A pesquisa mostrou um composto químico no cérebro – péptido relacionado com o gene da calcitonina ou CGRP (na sigla em inglês) – que está envolvido tanto na dor quanto na sensibilidade para “disparar” a enxaqueca.
Quatro empresas de medicamentos estão na corrida para desenvolver anticorpos capazes de neutralizar o CGRP. Alguns trabalhos são no sentido de aderir ao CGRP, enquanto outros são para bloquear a parte de uma célula do cérebro com a qual o composto interage. Estudos clínicos em dois dos anticorpos foram publicados no jornal científico “New England Journal of Medicine”.
Um antibiótico, de uma empresa farmacêutica, o erenumab, foi testado em 955 pacientes com enxaqueca episódica. No início do estudo, os pacientes tiveram uma média de oito dias de episódios por mês. O estudo descobriu que 50% destes que receberam injeções do anticorpo diminuirão pela metade o número de dias em que a dor se manifestava. Cerca de 27% tiveram um efeito similar sem a utilização do tratamento, o que reflete também o fluxo natural da doença.
Segundo contou à BBC o professor Peter Goadsby, que liderou os ensaios com o erenumab no centro de pesquisa NIHR da King”s: “É um grande acordo porque oferece um avanço na compreensão do distúrbio e no desenvolvimento de tratamentos contra a enxaqueca”.
O estudo demonstra, então, além da redução da frequência das crises, uma diminuição da severidade das dores de cabeça.
“Esses pacientes vão ter parte de suas vidas de volta e a sociedade terá estas pessoas retornando às suas funções.”