por Daniel Souza
Hoje é Dia do Médico. Pensando nisso, me vi refletindo sobre quantas vezes, ao longo da minha trajetória profissional, me deparei com excelentes profissionais médicos preocupados com a imagem social que passariam a seus clientes pelo fato de obterem bons lucros provenientes do seu trabalho. E minha reflexão diz respeito, claro, aos profissionais sérios e bem sucedidos em função disso. Sabemos que profissionais mal formados e nem tão sérios existem em todo o tipo de segmento.
Minha formação é comunicação social. Sempre curioso e metido em tudo o que tenha a ver com a relação saudável entre pessoas, me tornei um profissional de vendas, com forte pegada na formação de outros profissionais. Talvez por uma intuitiva afinidade com o bem estar e pela pesquisa capaz de ampliar os horizontes do ser humano, caí na área da Saúde, onde me encontro até hoje. Apesar de não ter uma formação em Administração, sempre admirei essa área, a mola mestra da nossa sobrevivência. Administrar bem os recursos serve pra tudo – em casa, no trabalho, na escola, na religião (para os que a cultivam, claro) e até num período de férias. Não existe na natureza um só ser que respire que não precise de uma boa administração para sobreviver. Modelos de negócio então, não conheci nenhum que possa viver sem uma boa administração.
E a fórmula que os gurus em administração nos passaram ao longo de tantos anos também não mudou muito – gere receita, modere os gastos e seu negócio terá lucro. É e sempre foi assim. Mas as crises nos ensinaram a lidar com uma postura adicional – não basta moderar o gasto, mas tem que investir em obter mais receitas, para que um negócio seja bem sucedido.
Se esse racional é socialmente aceito para todos os tipos de negócio, com a medicina, não poderia ser diferente. O médico que tem uma clínica ou um consultório, seja ele grande ou pequeno, precisa ver-se como um empresário e que necessita de uma boa visão do seu negócio para, mais do que sobreviver, ver seu legado se tornar perene. Indo por esse caminho, me agrada a visão do Dentista Roberto Caproni: “Quando o seu consultório ou a sua clínica presta um serviço de valor para a sociedade, ele é remunerado com o Lucro Admirável Merecido, na forma de dinheiro. Esse é o prêmio que a sociedade concede para que você continue atuando em sua atividade profissional, gerando benefícios para ela. O lucro admirável merecido funciona como um termômetro da sua importância para a sociedade”.
Caproni ainda adverte que cortar gastos é como puxar o freio de mão de um carro em movimento. Ele diminui a marcha até parar por completo. Então não pode este ser o recurso único para se fazer uma boa administração. Parece algo simples, mas ainda assim muitas clínicas tropeçam nesses princípios.
O movimento de um negócio é mais importante, mesmo com alguma despesa extra. O imobilismo em tempos de crise é o pior veneno. E como fazer para aumentar receitas? É necessário buscar uma forma de aumentar seu espectro de clientes. Isso tem um custo, óbvio. Ainda que a necessidade de ter um plano de comunicação e marketing não seja algo tão corriqueiro, por ser muitas vezes visto como “algo que um médico não deve fazer, para não parecer demasiado mercantilista” – me poupe… Por isso se diz, de praxe, que em tempos de crise, o empresário deve pisar no acelerador para ser mais visível e desejado pelos clientes do que a média dos seus concorrentes. A área da Saúde (e a medicina, repito, não é diferente) é um mercado e, quer saibamos aceitar essa realidade ou não, onde profissionais de saúde precisam se preparar cada vez mais, como parte desse processo econômico, se desejam sobreviver e prosperar.
O médico é hoje um profissional que, além de ser muito bom na sua área de especialidade, tem que ser bom em gestão e visão do negócio. Dependendo do tamanho do seu modelo de negócio, diversas famílias dependem do seu sucesso e a sociedade precisa que aquela clínica continue prosperando. Afinal, o lucro e a fartura são as formas de como a sociedade agradece a um serviço bem feito. Porque não?